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A Poupança Não Se Improvisa!

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A Poupança Não Se Improvisa!

3 min Partilhar 24 de Junho, 2014

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O povo português é muitas vezes conhecido pela sua característica do “desenrasca”. É verdade que em algumas ocasiões podemos orgulhar-nos da nossa rápida capacidade de improvisação e que a nossa flexibilidade pode trazer benefícios às relações, aos negócios e à diplomacia. Se alguma coisa falha, ou escapa ao nosso controlo, há sempre uma mente iluminada que encontra solução para recompor os estragos.

Contudo, não é menos verdade que esta atitude do “desenrasca” traz consigo uma outra atitude que pode vir a revelar-se fatal, é a atitude do: “logo se vê quando chegar a altura”. Esta é seguramente uma das principais razões para as acentuadas dores que vivemos na crise económica que toda a Europa está a passar.

Não estou aqui a querer discutir a responsabilidade da crise, estou apenas a procurar identificar uma das razões para sofrermos tanto com as crises que têm acompanhado a nossa economia. Como sabemos a economia vive na base das expectativas. São as expectativas dos agentes económicos que definem o consumo, o investimento, a decisão do recurso ao crédito, a poupança.

É Mesmo Impossível Poupar?

Grande parte dos portugueses vive com a sua situação líquida (total das receitas – total das despesas) próxima do zero, quando o desejável seria que a mesma fosse confortavelmente positiva. Se vivermos durante muitos anos com situação líquida próxima do zero, isto é, o que ganho é igual ao que tenho para gastar e se nos gastos não está como prioridade constante a poupança, então quando surgir um imprevisto não vou ter outra solução que não seja ter um orçamento familiar em situação de défice. E repare que enquanto o Estado pode viver durante anos e anos em défice, porque tem credores que não deixam o país ir à falência, no nosso caso, dos particulares, nada vai impedir que caia em situação de insolvência pessoal.

Quando surgir uma situação de desemprego inesperado, um acidente com o automóvel, uma doença que não se previa, se não houver uma poupança para recorrer como receita extraordinária, a atitude do “desenrasca” nacional não vai servir de nada!

Porque Não Aumenta a Poupança?

Note-se que o aumento de rendimento disponível das famílias portuguesas da década de 90 para as décadas seguintes, não se traduziu num consequente aumento da poupança das mesmas. A atitude de prevenção não foi generalizada porque havia um sentimento comum de que caminhávamos de bem para melhor, mas com o choque de 2008 (aliás, como o próprio gráfico traduz) as expectativas alteraram-se e parece ter havido uma mudança na atitude de poupança dos portugueses.

A poupança é a despesa mais inteligente que podemos fazer, porque é a única das despesas que todos temos em que estamos a pagar a nós próprios. É um pagamento para o próprio que se traduz num atenuar das dores das crises que passámos, passamos e continuaremos a passar, pois não há economia que viva em constante expansão. Não se esqueça que a poupança, quando realizada num banco, é um investimento que cresce com o vencimento dos juros, pois além do valor que colocamos inicialmente este vai produzindo juros que continuam a capitalizar ao longo do tempo.

A Poupança Tem de Ser uma Prioridade

Sou um português que me orgulho de muitas das nossas características e que esta nossa capacidade criativa deve ser enaltecida… Mas a verdade… é que a poupança não se improvisa!

Para poder poupar dinheiro é preciso definir regras. É preciso poupar logo no início do mês e um valor fixo. Escolher uma boa conta poupança (ou subscrever certificados aforro nos CTT) e definir objetivos de curto, médio e longo prazos. Depois é deixar o automatismo funcionar e acumular patrimínio.



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